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Segunda-feira, 29 Maio 2017 00:10

RÚSSIA
afinal não são só gays, nem as trans escapam



PortugalGay.pt

Uma mulher trans chechena, que fugiu depois de ser atacada em Moscovo em 2015, decidiu tornar pública a sua história como vítima de assédio e violência.


No ocidente estas péssimas notícias vindas da Chechénia têm feito eco nos grupos LGBT, com manifestações nos consulados e embaixadas russas pelo mundo fora, com especial incidência na Europa. No entanto, sempre com o apagamento compulsivo das comunidades lésbica e trans, que misteriosamente (e de acordo com as notícias, salvo raras excepções, e manifestações) parecem ser poupadas a esta perseguição.

E como evidentemente o caso não é assim, aqui fica uma história de uma pessoa trans que conseguiu fugir da Chechénia pouco tempo antes destes tristes acontecimentos, não escapando no entanto à perseguição nos momentos iniciais.

De nome Leila, afirma que sofreu na pele a perseguição, antes da recente repressão contra a população LGBT na Chechénia, segundo o International Business Times UK, baseado numa entrevista a uma estação de TV independente russa, a Rain. Curiosamente afirma que as suas piores experiências aconteceram depois de ter abandonado a Chechénia, uma república semi-autónoma dentro da Federação Russa, e se mudou para Moscovo.

Leila, que se submeteu à cirurgia de correcção de sexo em meados dos anos 2000, trabalhou no governo checheno no início deste século, quando o presidente da república era Akhmad Kadyrov, pai do atual presidente, Ramzan Kadyrov.

"Até conheci Kadyrov pai", afirmou ao Rain. "Ele era um homem simpático, e não havia nenhum sentimento negativo dele para comigo que eu tivesse dado por isso, mesmo que eu tivesse arrancado as sobrancelhas e destacava-me claramente da multidão."

Mas quando se mudou para Moscovo, sofreu ameaças. Os seus familiares na Chechénia tinham sido contatados por estranhos que exigiram que a família providenciasse o assassinato de Leila, dizendo que trariam o seu corpo de volta. Ela também recebeu textos ameaçadores, que ela denunciou à polícia, que apenas a aconselharam a emigrar para um país europeu ou regressar à Chechénia.

Finalmente, em 2015, ela foi esfaqueada em Moscovo por um compatriota checheno que disse: "Quando vais parar de desonrar o teu povo?" Depois desse acontecimento, ela escondeu-se e, mais tarde, abandonou a Rússia indo para os EUA. Inicialmente tinha pensado em ir para a Argentina, mas desistiu ao ouvir que os seus atacantes planeavam segui-la lá.

Leila disse que a comunidade LGBT tem sofrido na Chechénia pelo menos desde 2007, quando Ramzan Kadyrov chegou ao poder. Muitos chechenos seguem uma linhagem ultraconservadora do Islão. Em abril, surgiram informações sobre a mais recente perseguição às minorias sexuais na República, com pelo menos 100 pessoas detidas e torturadas em campos de concentração com pelo menos três mortos. Alguns foram libertados sob custódia das famílias, onde ainda enfrentam perigo, com as autoridades responsáveis pela aplicação das leis chechenas a aconselharam as famílias a matarem os elementos LGBT. Outros escaparam para o Ocidente.

Líderes chechenos negaram a existência de uma purga anti-LGBT, afirmando mesmo que não há tais pessoas na república. O presidente russo Vladimir Putin finalmente concordou, sob pressão, que o seu governo investigue. Alguns funcionários norte-americanos condenaram a perseguição, embora o Presidente Donald Trump nunca a tenha abordado. E foi relatado que a refugiados chechenos foram negados vistos dos EUA.

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